terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Azulejos em Museu



O azulejo é um material antigo, que tem acompanhado o tempo sem sobressaltos renovando-se parcimoniosamente no quotidiano, recriando-se no ambiente artístico e distinguindo-se na esfera cultural portuguesa. 

O Museu Nacional do Azulejo junta um espólio rico, abrangente e interessante que contempla as diversas fases da azulejaria portuguesa.

Depois de ter sido anexo da Casa Pia e do Museu de Arte Antiga, o Museu do Azulejo acoitou-se nas instalações do antigo Convento da Madre de Deus, um edifício do século XVI fundado pela mulher de D. João II, destinado inicialmente a um pequeno núcleo de freiras franciscanas.



O museu reúne uma colecção permanente, que vai da herança islâmica e chega até à actualidade, distribuída por diversos espaços cujas dimensões e arquitectura se adequam perfeitamente à exposição. Não reparei, porém, em qualquer exemplar do tempo romano.





Mas há muitos exemplares de azulejos hispano-mouriscos, cuja tradição deixou um exagero decorativo mesmo com o alvor do Renascimento e que passou mais tarde para o revestimento exterior dos edifícios e moradias.

Continuando quer pelos corredores quer pelas salas, quer inclusivamente pela sacada que circunda o pátio do edifício, nota-se a influência dos mestres italianos e flamengos, aliás como é habitual na arte dos séculos XVII e XVIII. O azul domina os painéis.

O rococó traz a dimensão cenográfica para o azulejo. Se o Renascimento já havia recuperado a natureza, agora é a vez de se juntar os temas mitológicos, bélicos, religiosos e as cenas do quotidiano aos vastos painéis de azulejos.


Com a segunda metade do século XIX o azulejo sai do interior dos palácios e dos edifícios oficiais e estende-se a muitas fachadas de edifícios.

Lisboa e Porto têm exemplos ímpares do que foi o ressurgimento económico pós invasões francesas e levou a burguesia a ostentar esse incremento no exterior das habitações, depois alargado durante as primeiras décadas do século XX.

É nessa altura de surgem Raúl Lino, Rafael Bordalo ou Jorge Barradas. A cerâmica das Caldas da Rainha é também desta época. 

A arte do azulejo é levada para o estrangeiro através de exposições e feiras, sofisticando-se artisticamente em meados do século com aplicações arquictetónicas abrangentes.

A ARTE SUBMERSA


Nasceu na Suíça, mas vive e cria no Algarve. A Arte Submersa 2014, de Sylvain Bongard - http://www.studiobongard.com - espanta de imediato. Trata-se de escultura cerâmica inspirada no mar. Peixes, redes, plantas e o tema da poluição formam um conjunto luminoso, colorido, brilhante e expressivo, onde também surge a figura humana.
A natureza e os ecossistemas, com os detalhes, as cores, os brilhos e um toque imaginativo e divertido nas formas e nas texturas dos animais marinhos. Não fosse o aspecto patusco, turbulento ou por vezes burlesco das obras, e pareceria que as peças tinham vida. É essa animação tão bem conseguida que surpreende.

A harmonia das cores, a leveza das formas e o fulgor dos traços torna cada peça num objecto especial e único.  Um peixe-balão, um pregado, um cavalo-marinho, ou rostos humanos que parecem ter saído do Circo do Soleil, ou um relógio estilizado, atraem a atenção e maravilham. 

LUGARES ONDE ESTAREI


Cristina Bolborea é uma ceramista romena. Pega em objectos do quotidiano e ‘embrulha-os’ nos seus tecidos cerâmicos. As cores e as formas, ausências de brilho e as harmoniosas linhas que identificam os conteúdos das peças são alguns dos elementos que marcam o exotismo das obras expostas.
Os panos parecem milenares, os “tecidos” tem uma robustez pétrea e a luz do vidro dá vida às peças. Até quando o brilho desaparece as peças resplandecem através das formas, da textura, da leveza, da proximidade ao real.
Muitos tapetes e toalhas, um relógio ou uma manta, reproduzem um olhar exótico da ceramista, por vezes talvez mágico, sobre os objectos reais. Altos e baixos-relevos expostos pela primeira fora da Roménia.  
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CONVENTO DA MADRE DE DEUS


O Convento da Madre de Deus, foi mandado construir em 1509 pela rainha D. Leonor, mulher do Rei D. João II. 

A igreja, porém é de meados do século XVI e a sua decoração é já dos dois séculos seguintes. A talha barroca e rococó e, claro, a azulejaria figurativa, dominam uma pequena igreja.
O claustro é mais recente, neomanuelino, com arcos e coberturas de diferente configuração e altura no piso térreo e no superior. O formato deixa entrar luz suficiente para que se possa apreciar as peças expostas nos corredores. 

No centro do jardim do claustro não obras expostas, apenas uma fonte em mármore ladeada por buxos. Num dos corredores do claustro, à porta da igreja, estão enterradas a primeira madre superior e D. Leonor, a fundadora do mosteiro.
 

Música: Ringppinstons, Tourist in Paradise