segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Pavilhão CARLOS LOPES


Naquela altura chamava-se Pavilhão dos Desportos. Nunca lá vi nenhuma actividade desportiva, mas foi ali que assisti a um concerto de uma banda de rock inglesa, no final dos anos 70. Numa altura em que os holofotes já mudavam de cor, mas em que o fundo ainda era animado com slides... 
Ali perto, o parque Eduardo VII convida a uma das paisagens mais atractivas de Lisboa. Basta estender os olhos ao longo das alamedas, esticá-los avenida da Liberdade abaixo e deixá-los no rio. Ou, mais acima, alargá-los para poente ao longo do lago que encima o parque.
Dali, também se alcança a preferia da "Baixa", ficando em primeiro plano a colina do castelo. Mais longe, depois do rio, reconhece-se a Arrábida. É o verde com pinceladas de barro que domina. O sítio e a paisagem são nobres. Já a manutenção dos sítios e dos edifícios deixa a desejar. Basta pensar nos anos em que a Estufa fria "gelou".
Dez anos depois do 25 de Abril mudou de nome. Passou a denominar-se Pavilhão Carlos Lopes e está "encerrado desde 2003. Hoje, a porta exterior está entreaberta e as interiores estão escancaradas. Há lixo por todo o lado e o chão do pavilhão está pejado de dejectos dos pombos que fazem pombal do edifício.
Pensar que o edifício foi inicialmente construído no Brasil para albergar o pavilhão de Portugal na Exposição Internacional do rio de Janeiro, em 1922, e posteriormente desmontado e remontado onde está hoje, não faz prever o seu destino mais recente.
.
A expressão as pessoas que passavam era inicialmente de surpresa, depois de incredibilidade. Os turistas mantinham a expressão de surpresa durante mais tempo para depois parecerem interrogar-se: quem é que deixa isto chegar a este ponto, no coração da cidade, sem actividade, sem manutenção, abandonado, degradado, completamente devassado...? 
Aparentemente, houve a ideia de transformar o espaço num museu de desporto. Mas não de concretizou. E o espaço continuou a degradar-se. Depois, foi aberto um concurso público para o abrir como espaço multiusos. Mas embora tenha havido um vencedor, o projecto também não foi para a frente. E a degradação continuou.
Hoje, para além da imundice do espaço, um atentado à saúde pública, o vandalismo já levou alguns painéis de azulejos. E sabe-se lá que mais. Há vidros partidos, muito lixo. Não esperava que o pavilhão Carlos Lopes estivesse de tal forma devassado. A colocação de barreiras em chapa parece ter sido uma preocupação de preservar o espaço. Porém, na porta principal não existe qualquer vedação que impeça qualquer um de entrar. 

Um dia destes, até a escultura do discóbolo que está no átrio do edifício é capaz de desaparecer. Já faltam alguns painéis de azulejos e cabos eléctricos rareiam. Até tenho a impressão de que o escadote que está numa das salas laterais ao átrio serviu para levar um dos candeeiros...
A SIC fez uma reportagem este ano sobre o estado de degradação a que chegou o edifício.
http://sicnoticias.sapo.pt/programas/abandonados/2014-03-10-pavilhao-carlos-lopes-em-lisboa-esta-fechado-ha-mais-de-10-anos, e levou lá o atleta que ganhou a maratona em 1994, em Los Angeles e que deu nome ao pavilhão. Aparentemente, nessa altura, ainda as portas estavam fechadas permanentemente. A Câmara diz que tem projectado para o edifício um Centro de Congressos...

Música: Amethystium, Enchantment
ver em formato pequeno