Quase cem anos de humor. Até 17 de Março próximo. No piso de exposições do museu da Electricidade. É gratuito e divertido. A sério, não é piada. Desde os cães de cerâmica ao ditador Chaplin, passando por uma mulher que folega de rabo para ar, a coisa é a sério.
Não sei se será piada. Mas, “Riso: Uma Exposição a Sério”, é mais sobre o humor. Sobre as diversas facetas, suportes, géneros, abordagens e respectivos protagonistas. São muitas centenas de peças, entre clássicas e algumas inéditas, de mais de uma centena de autores.
Abre com um careto e passa pelos clássicos espelhos distorcidos de feira, por uma caveira autografada, por um burro estilizado, representações ambíguas que tanto podem provocar o riso como convocar o medo. Ou por outros objectos impregnados de um humor mais vago, como fosse um caniche esfíngico ou um Salazar de porcelana.
Mais do que o riso, é o humor que está presente da pintura à ilustração, dos desenhos às fotografias, do cinema à televisão, sendo estas últimas as mais representadas, provavelmente também as mais “fáceis”, as mais consumidas e por isso as mais próximas de muitos de nós.
É fácil reconhecer muitos: Simpsons, Raúl Solnado, Charlot, Herman José, Gato Fedorento, Paula Rego, Monty Pythnon, Joana Vasconcelos, Danny Keye, Contra-Informação, Bocage, Woody Allen, além de outros menos suspeitos como Mario Cesariny, Vieira da Silva ou até Da Vinci. Mas também lá estão as séries humorísticas e sitcoms portuguesas, inglesas e americanas
É uma exposição séria e a sério, diversa em suportes e proveniências, historicamente abrangente e vasta em matéria de obras e autores. Talvez a montagem e o percurso tivessem mais piada se não parecessem um dédalo de armazém chinês. Acrílicos, seriam mais caros certamente.
Talvez haja televisão a mais, mas é sinal dos tempos. Talvez faltem (poucos) cómicos e comediantes, haja uma ligeira ausência de anedotário e não esteja presente mais provocação. Talvez lá falte mais riso, mais risos, os risos das pessoas. Mas "Riso" é uma exposição, não um catálogo, um museu ou uma antologia.
Talvez haja televisão a mais, mas é sinal dos tempos. Talvez faltem (poucos) cómicos e comediantes, haja uma ligeira ausência de anedotário e não esteja presente mais provocação. Talvez lá falte mais riso, mais risos, os risos das pessoas. Mas "Riso" é uma exposição, não um catálogo, um museu ou uma antologia.
Já foi alvo de reportagem pela RTP2, no Câmara Clara, de 4 de Novembro último.
Se tiverem pachorra para aquelas perguntas prenhas de erudição, têm aqui as respostas
Como é habitual, o importante é ir. Ao vivo é mais divertido.
O Riso em pouco mais de um minuto de imagens.
Música: The Who, Want Get Fooled Again