domingo, 3 de maio de 2009

Todo o Monsanto

Foi um convite do Fernando Brioso, homem habituado a caminhadas mais longas e difíceis, em Portugal e no estrangeiro. Esta era fácil, previa-se bom tempo e, em Monsanto, não tínhamos ido além de um par de quilómetros à volta do Parque da Serafina e do Centro de Interpretação. Era uma estreia. Estavamos no final de Março.

Partimos do parque de estacionamento da Faculdade de Veterinária. Acompanhamos mais de meia centena de pessoas, com idades compreendidas entre os 10 e os 70 anos, mais mulheres do que homens, alguns mais iniciados outros mais experientes, preparados para uma caminhada que terminaria a meio da tarde.

Após algumas indicações logísticas que a extensão do grupo exigia, partimos a subir, a caminho do local da primeira paragem para concentração e descanso. Fizemo-lo próximo do anfiteatro, junto ao moinho que escolta os campos de basquetebol. Embora alto e desafogado, a vista desde este sítio não ia além dos telhados da zona ribeirinha. O dia enevoara-se.

Experimentaram-se ritmos diferentes, próprios da diversidade dos participantes. O grupo esticava-se à medida que penetrava na floresta, mas voltava a aglomerar-se nas zonas em que era preciso atravessar faixas de rodagem ou o declive aconselhava passada comedida.

Uma das áreas de passagem obrigava a atravessar uma espécie de túnel aberto numa sebe de cactos, suficientemente largo para que todos pudessem passar sem problemas. Do outro lado, abria-se uma clareira enorme correspondente a uma antiga pedreira, agora com a base e as vertentes repletas de vegetação.

De ali, ao antigo espelho de água de Monsanto - hoje Restaurante Chimarrão – foi um instante. O jardim e o lago mantêm a mesma aparência de há meio século. A leste, um miradouro voltava-se para a serra de Sintra envolta em nuvens.
O sossego só voltou a ser quebrado próximo das pistas de radiomodelismo. De aí, andamos pela berma da estrada junto da rotunda da Cruz das Oliveira, e continuámos para as antenas de teledifusão. Embora andássemos protegidos pelas ramas da vegetação, o ar aquecia-nos e muitos foram arrumando os casacos nas mochilas.
A vegetação tornou-se mais cerrada e os trilhos mais largos, sensivelmente até à zona dos desportos radicais, onde os declives aparecem mais abruptos e as veredas se confundem. Foi no parque de merendas anexo que comemos a refeição ligeira que levávamos.
Meia hora depois, estavamos a caminho da Serafina, que espreitámos desde um dos respiradouros mais notórios do aqueduto das Águas Livres. Daquele ponto, descobre-se o panorama da cidade desde Benfica, passando por Sete Rios, até Alcântara.
Continuámos pelos respiradouros do aqueduto – agora subterrâneo – através da Mata de Benfica, até desembocarmos na zona de Pina Manique. Voltámos a passar pela zona do radiomodelismo, para descermos junto do parque de campismo, atravessarmos a auto-estrada por um túnel e subirmos de novo a caminho da antiga pedreira.
Aqui e ali, o odor do pinhal misturava-se com o das ervas rasteiras. A vegetação separava-se ou adensava-se de acordo com a menor ou maior presença humana. Os trilhos, percorridos por caminhantes, corredores ou ciclistas, variam entre terra batida lisa e com algumas pedras soltas. Há equipamentos dispersos pelo parque para a prática de skate, basquetebol, escalada e ginástica. Estavam todos ocupados.
Não é difícil percorrer o Parque de Monsanto em toda a sua extensão. O piso e o declive não são excessivos e a maioria das subidas estão acessíveis a todos sem grande esforço. Talvez por isso, no final do passeio tenha circulado a informação de que havíamos percorrido dezoito quilómetros.

Música: Kitaro - Matsuri