Março 2009
O mar está lá, omnipresente, extenso, a perder de vista, homogéneo de azul. A separar-nos, rochas brutais, barreiras que defrontam aquele império. Flores, uma ou outra entre calhaus ou véus de folhas esverdeadas. Vegetação rasteira, veredas, uma ou outra cavidade, alguns sulcos, penhascos. Dos mais altos, abrange-se o mar, o oceano, quase a curva do mundo. De tão intensa, porém intangível, a sensação de poder espraia-se nessa sua inutilidade. O estar lá mistura quimeras, teimosias, inspirações, sentidos, sensações, desafios. Anda-se ao sabor do recorte, da charneira entre o mar e a terra. Olha-se o oceano, vigia-se o chão, espreita-se a escarpa. Há brilhos trémulos no mar, cores e texturas ímpares nas arribas. No fundo, há línguas de areia e rochedos sem ordem. As gaivotas são as únicas que cedem ao vento e olham para terra. Vamos até onde o declive parece seguro e a cautela alvitra. Caminhamos pelas falésias, num trilho entre mundos.
Música: Sahara of snow, Bill Bruford
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