Por muito que se
ande por aqui ou por ali, se espreite para acolá, se ouça isto ou aquilo, se
leia sobre uma coisa ou outra, fica sempre algo por desvendar. O mote era esse,
ir ao encontro do Porto numa perspectiva de descoberta. Encontramos o Porto,
algum do que já havíamos descoberto, mas sobretudo muito que desconhecíamos.
Podemos mesmo cuidar que fomos ao encontro de vários Portos.
Para lá, juntamo-nos
ao João Almeida na área de serviço de Loures. Perto de Óbidos já chovia a
cântaros mas, a espaços, o céu descobria-se como incentivador da viagem. Sem
que o encontro estivesse combinado, quando parámos na área de serviço da
Mealhada, já lá estava o casal Pacheco. Depois, o Zamith, o Abel, o Mariano e
respectivas penduras foram chegando, já com o Arlindo a fazer-nos companhia.
Voltamos à AE quando
o céu se voltou a retalhar, embora a chuva fosse enfraquecendo à medida que nos
aproximávamos do Porto. Paramos na Ascari, uma livraria na Constituição, única
no género em Portugal, especializada em publicações sobre automóveis e motos. Infelizmente, não estava o Manuel Pinheiro, um dos sócios, que foi também um dos co-autores do livro “Viajar
de Moto”, com um texto sobre uma viagem à Croácia. E saímos
AO ENCONTRO DO CASTELO DE SANTA CATARINA
Pouco depois, entravamos na Residencial Castelo de Santa Catarina. Estacionamos as motos junto do elevador panorâmico, subimos ao jardim e entramos em outro mundo, num edifício de finais do século XIX, mandado construir por um industrial do têxtil, que o ornou com elementos decorativos e arquitectónicos de rara beleza.
Passado mais de um século, o edifício está irrepreensivelmente bem cuidado, constituindo
a respectiva decoração uma mais-valia para a estada. É sobretudo nas áreas comuns que o capricho, o talento e a harmonia decorativa é mais patente. Talvez se possam notar detalhes kitsch mas não são dramáticos.
Muitos aproveitaram
esta verdadeira galeria de peças decorativas, paredes pintadas e de
revestimentos em madeira nobre, lustres e jarrões, para deambularem escadas
acima. Não é preciso subir muito para apreciar a vista para o Douro e para o
Monte da Virgem, reconhecendo-se imediatamente em linha recta a antena da RTP
nas instalações de Gaia.
No nosso quarto,
sobressaíam a cama e as mesas de cabeceira antigas que contrastavam com a casa
de banho moderna. Cada sala está decorada de maneira diferente, alguns móveis e
candeeiros surpreendem, bem como a pintura pelo requinte e manutenção. E nem
falta um gato.
Supõe-se que ainda andará por ali uma tia velha… que talvez vá
também
AO ENCONTRO DA NOITE
DO PORTO
Foi aqui que o Clube
ficou alojado neste passeio ao “Encontro do Porto”. Aproveitamos o declive
favorável e fomos a pé jantar, escoltados por uma noite fria mas seca. Já
próximo dos Aliados, enchemos meio Tasco, atraídos pelos acepipes, excelentes,
alguns bastante repetíveis. E ninguém saiu com fome., aliás demoramos a sair.
Somos quase meia
centena de comensais com a expectativa de um fim-de-semana cultural, quer
gastronómico, quer histórico-patrimonial. Talvez seja a noite em que estejamos
mais à mesa. E a primeira componente, a gastronómica já havia cumprido. A
fasquia ficava à mercê as refeições do dia seguinte.
E fomos pela noite,
já chuvosa, ao encontro da noite do Porto. Andamos pelo Porto Tónico, pelo
Radio Bar, pelo Galeria de Paris, entre a rua Cândido dos Reis e a rua Galeria
de Paris, uma das zonas mais animadas da movida portuense. As caipirinhas
demoraram no Galeria de Paris, mas por 2,5€ cada também não se pode exigir
muito mais…
Já não chovia quando
voltamos à rua. Regressamos a pé ao Castelo superando os dois quilómetros que
nos separavam. A metade caminho foi a vez do Gonçalo e da Joana nos encontrarem
a meio da Santa Catarina. Estavam chegando, como dizem os alentejanos.
Para a manhã
seguinte estava previsto começarmos nos Clérigos, descermos a São Bento,
treparmos à Sé, arriarmos aos Grilos e baixarmos até à Ribeira. Depois, atravessaríamos
para Gaia e regressaríamos à Invicta. Parece pouco Porto, mas foi muito mais do
que isso. Por tanto, vamos começar por ir
Músicia - Gnomon, Amanbagh
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AO ENCONTRO DE
NASONI
De manha o céu
voltou a toldar-se, tal como estava previsto. Já pingava quando entramos na
torre dos Clérigos, uma das obras emblemáticas de Nicolau Nasoni no Porto.
Aliás, nesta manhã de sábado era o artista e o arquitecto que nos serviria de
arranque cultural na cidade.
Desta feita, andaríamos
de mão dada com a história, sobretudo com a história da arte. E não andaríamos
ao sabor da curiosidade ou da descoberta amadora do património. A
acompanhar-nos o interesse e a cevar-nos o intuito estaria o professor doutor
Tedim, lente da Universidade Portucalense.
Seria ele o nosso
anfitrião por um Porto que todos parecemos conhecer mas que pouco sabemos da
sua história e estética. O professor Tedim seria aquilo que todos
desejamos ser quando entramos num templo antigo, num edifício histórico, num
terreiro memorável: um especialista em património, turismo e cultura!
Porém, o professor
Tedim acumula outros talentos. Além de guia é também lente em História e um
notável inspirador. Foi com o seu mote das “duas janelas” - aliás com o vazio
entre elas – que iniciamos um périplo que nos levou dos Clérigos a São Bento, da
Sé à igreja de São Lourenço e daí à de São Francisco.
Foi nos Clérigos que
nos enfatizou o talento cenográfico de Nasoni, traço que ficou nas suas obras
do Porto e não só. Quer no interior, quer na fachada, é notório a ênfase decorativa do ambiente cenográfico. O interior da igreja dos Clérigos parece um
teatro e os detalhes da fachada mostram muito essa arte de contrastes.
Nasoni trouxe de
Itália, da sua Toscania, o fascínio pela altura, pelas formas esguias –
lembram-se das torres de San Gimignano? – bem
como a paixão pela estética dramática, que se traduzirá nas manifestações
grandiosas e sensitivamente apoteóticas que a igreja dos Clérigos encerra.
Foi esse “cenário”
que vimos no interior da igreja, na altura da nave, nas colunas junto do altar
e nos restantes elementos decorativos dignos de uma representação teatral ou
mesmo do palco de uma ópera. No exterior, a fachada reproduz também o ambiente
cenográfico de um palco, propositadamente virado para a plateia da rua dos
Clérigos.
Mas é a torre que dá
nome à obra., mesmo que tenha sido a última parte do conjunto dos Clérigos a
ser construída. Foi o edifício mais alto de Portugal a meio do século XIX, com
os seus 75 metros de altura, seis andares e uma escadaria em espiral com 240
degraus.
Do cimo, o Porto
parece estar aos nossos pés. Até Gaia está ali à mão. Olhando para leste,
percebe-se a concorrência que a Sé lhe faz. A perspectiva top/down sobre os
telhados e as fachadas do Porto, não fossem algumas coberturas reflectirem a
claridade do tijolo, confirma a escuridade do burgo. Sem pressas vamos
Música: Heróis do Mar, Brava Dança dos Heróis
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AO ENCONTRO DE SÃO
BENTO
Pouco mais de quarenta anos nos separam da estação de São Bento, a estação ferroviária central do Porto, que apesar de ter sido construída mesmo no término do século XIX, só começou a ser utilizada plenamente em 1916.
A denominação da
estação provém do mosteiro de São Bento da Avé-Maria, construído no século XVI tendo
sido aproveitada a sua nave principal para servir de átrio à estação.
É este átrio que
surpreende, não apenas pela dimensão, mas sobretudo pelo preenchimento das
paredes com azulejos que representam temas históricos e etnográficos.
Estão lá figurações
do Torneio de Valdevez, da apresentação abnegada de Egas Moniz ao rei de
Castela, da entrada de D. João I no Porto e da conquista de Ceuta. Mas também
da vida campestre e da aurora dos caminhos-de-ferro em Portugal.
Na fachada não é o
estilo italiano que domina, mas sim a influência francesa pelo punho do
arquitecto Marques da Silva, salientando-se as duas torres nos extremos que dão
ao conjunto uma imponência renascentista aliada à elegância da Arte Nova. Vamos
a seguir
Saímos da estação de São Bento e trepamos para a Sé. Em pouco mais de quinhentos metros o Porto envelheceu sete séculos, embora se reconheça a frase, “antiga, mui nobre, sempre lela e invicta cidade do Porto”, inscrita numa das paredes da torre medieval, uma epígrafe introduzida no brasão da cidade em meados da primeira metade do século XIX, reinava D. Pedro IV.
No terreiro da Sé, é
sobretudo a igreja – séculos XII/XIII - e a torre fronteira que nos alertam
para o medieval, para o tempo em que as cidades tinham portas, para uma época
em que a igreja a par do rei dominava a política e a economia dos burgos e dos
reinos.
Essa vetustez
excede-se quando olhamos a fachada da Sé. O românico da fachada, pesado,
imponente, rude, embora posteriormente refeito por Nasoni, abre-nos para o
interior esguio, escuro, majestoso e solene onde espreita o gótico mais visível
no claustro que não visitamos.
Ficamos mais
pequenos sob o peso simbólico da pedra e da dimensão sobretudo da altura. As
janelas altas e estreitas remetem para dentro para a introspeção e temor devido
à divindade. Essa pressão está contudo minorada pelos diversos elementos
decorativos que o barroco foi introduzindo, alguns pela mão do “nosso” Nasoni.
E vamos
A origem jesuíta
nota-se na divisa da Companhia de Jesus patente na fachada. Popularmente
conhecida por Igreja dos Grilos, a igreja de São Lourenço data do último
quartel do século XVI e está associada ao Convento do mesmo nome, onde
funcionou um colégio na altura envolvido em polémica.
É ainda notória a
ligação do edifício aos Távora, sendo ainda visível o brasão de frei Luís de
Távora, próximo de uma Cruz de Malta – de que foi comendador – o patrocinador
principal da igreja e do colégio e que está sepultado nesta igreja num túmulo
semelhante aos dos Jerónimos.
Após a expulsão dos
jesuítas, o convento foi comprado pelos frades Agostinhos. Estes, provenientes
de Espanha, estabeleceram-se inicialmente em Lisboa, no sítío dos Grilos. Daí a
popularização do nome e dos próprios frades, como frades-grilo, quando ocuparam
o convento no Porto.
Num dos altares
laterais, revestido a talha dourada é notória a proliferação de nichos com
reproduções de santos, possuindo cada um espaço cilíndrico onde eram guardadas
as respectivas relíquias, partes do corpo ou peças que lhes haviam pertencido
em vida. Deixámos os Agostinhos e baixamos
AO ENCONTRO DOS
FRANCISCANOS
Próximo da igreja de São Lourenço, ou dos Grilos, é possível espreitar a margem esquerda do douro e perceber os diversos patamares ecológicos e históricos de Gaia, com o Cais comercial em primeiro plano, a antiga área habitacional a seguir e em fundo a zona nova, descobrindo-se com alguma facilidade a nova pérola hoteleira de Gaia, o Yeatman.
Descemos lentamente o bairro da Sé pelas suas ruas estreitas, íngremes e escuras. Fomos espreitando uma ou outra casa mais antiga (ou degradada - cada vez há menos), uma outra loja mais peculiar, como a de confecção de buréis.
Passámos o renovado mercado Ferreira Borges e parámos junto da estátua do Infante D. Henrique antes de seguirmos para a Igreja de São Francisco. Em pouco mais de seiscentos metros, baixámos dois séculos, desde a igreja dos Grilos até à de São Francisco.
Descemos lentamente o bairro da Sé pelas suas ruas estreitas, íngremes e escuras. Fomos espreitando uma ou outra casa mais antiga (ou degradada - cada vez há menos), uma outra loja mais peculiar, como a de confecção de buréis.
Passámos o renovado mercado Ferreira Borges e parámos junto da estátua do Infante D. Henrique antes de seguirmos para a Igreja de São Francisco. Em pouco mais de seiscentos metros, baixámos dois séculos, desde a igreja dos Grilos até à de São Francisco.
Do modernismo da
primeira, regressamos ao gótico da última. A rosácea na fachada identifica-a
ainda como gótica, mas o portal já é barroco. Não é fácil perceber que no
início dos anos 1400 a igreja já estava erigida, sendo a sua estrutura o melhor
exemplo de arquitectura gótica do Porto.
Relevante sobretudo
é o revestimento levado a cabo durante o início do século XVIII que contemplou
a maior das paredes interiores, colunas, capelas e telhados com uma cobertura
em talha dourada, onde não falta uma reprodução do que teria sido o martírio
dos Franciscanos em Nagasaki.
O barroco deixou
muita talha dourada, alguma mais dourada que outra, um pouco por todo o país na
maioria das igrejas portuguesas. Esta contudo parece ter sido bafejada com uma
profusão de tal forma intensa que, apesar do ambiente semi-obscuro típico das
igrejas, emana uma claridade quase ofuscante. E seguimos
Música: A Gente Não Lê, Isabel Silvestre
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Descemos a caminho
do rio, entramos da rua da Reboleira, passamos por duas das casas mais antigas
do Porto, e seguimos ao encontro do Chez Lapin, nome bem conhecido no Porto do
restaurante que fica na Ribeira sob as arcadas da rua dos Canastreiros.
Pisamos a placa “Victorino”
e pensei que não estaríamos no Chez Lapin. Na net, dizem que é ao lado. Mas foi
naquele espaço estreito, longo e pétreo que almoçamos. O interior é acolhedor,
o serviço é rápido e os filetes de polvo não estavam mal. Mais saboroso
pareceu-me ser o ambiente – aliás estávamos ali todos – e a decoração, com
elementos das fainas piscícolas e campestres sobre granito.
No exterior, pode
mesmo surgir a ideia de que estamos na Idade Média, quer pelo ambiente
granítico das paredes espessas, quer pelas vigas grossíssimas de madeira mais
do que empedernidas, quer pela atmosfera soturna da galeria.
Por outro lado,
algumas fachadas mais coloridas dos edifícios e a proximidade do Douro levam
muita claridade à Ribeira. Vista do lado de Gaia a Ribeira continua a deslumbrar
como arte pública, permanente, peculiar e que se deseja perpétua.
Os rabelos, as
janelas e os telhados, os cais, as colinas, as torres e as igrejas, as pontes,
os recortes. E muito mais. Quase podia ser Lisboa. Mas não é. É diferente e diversa,
igualmente cativante e estupenda.
O tempo soalheiro
ajuda a iluminar o cenário que se vê desde Gaia. As fachadas cintilam e as
cores resplendecem, o alinhamento dos edifícios parece mais rigoroso esbatido
num céu praticamente azul onde a silhueta do rabelo lhe esgota a identidade.
Foi também à procura de uma identidade peculiar que fomos
AO ENCONTRO DE
SANDEMAN
Pouco depois de o teólogo escocês Robert Sandeman ter falecido, o seu conterrâneo George Sandeman
decidia comercializar vinhos de Jerez e do Porto. Em Portugal, a marca Sandeman
tornou-se famosa, não apenas pelo seu afamado vinho, mas também através da sua
imagem de marca, a silhueta de um homem de capa com um copo de vinho na mão.
Era este homem
misterioso – dizia-se que a silhueta, criada no final dos anos 20, era a de um
estudante com a sua capa mas com um sombrero espanhol -, passou a saltar entre
ameias de um castelo num dos mais famosos anúncios de televisão dos anos 70. A
imagem teve tanto impacto como a das Bodegas Osborne, cuja silhueta era a de um
touro.
Esperamos cerca de meia
hora pela entrada nas caves. Entretanto fomos deambulando pelo museu que nos
leva até à ultima década do século XVIII e nos remete para o jovem empreendedor
escocês através de cerâmicas, garrafas antigas e fotografias de época.
Depois, entramos no
mundo das pipas e dos tonéis com alguns milhares de litros de vinho do Porto,
vimos até que altura andou a água em 1909 e em 1962 – mais alto do que a minha
altura – passamos por alguns vintage que são mais “cent age”, andamos pela
“garrafeira dos ingleses”, sempre acompanhados pelas misteriosas figuras da
capa negra, o tal estudante e a guia.
Acabamos com uma
prova colectiva de um tinto “Imperial Reserve” e de um “White Porto” bem mais
saborosos do que aquele que nos serviram no Museu do Vinho do Porto na Régua,
no último Verão.
Se entre pipas já
tínhamos pousado para o fotógrafo oficial da cave, à saída voltamos a fazê-lo à
porta da Sandeman tendo em frente a placa alusiva aos 225 anos da marca a
separar-nos da Ribeira que ainda rutilava do outro lado do Douro. E para melhor
lhe mirar os detalhes saímos
Estava previsto um
pequeno voo sobre os telhados do cais de Gaia. Cumprimo-lo enfiados numa espécie
de ovo voador que abana ao sabor da brisa e se vai elevando à medida que a
colina o obriga a trepar quase até ao mosteiro da serra do Pilar.
Ficamos pelo
tabuleiro superior da ponte D. Luís que atravessamos a pé acompanhados pelo
eléctrico, aliás “andante”, que faz o favor de a tremelicar cada vez que passa
felizmente a passo., e ainda fomos a tempo de beber uma bica, aliás um
“cimbalino” no “Armazém do Café”, na Sá da Bandeira.
de onde é possível
desfrutar de “vista privilegiada sobre o Douro, Gaia e as muralhas Fernandinas”.
Era este o alvitre para o jantar, sábado fresco e pouco estrelado que não
augurava nada de bom para o passeio do dia seguinte.
Hoje o edifício
alberga uma instituição de carácter social e beneficência que, entre outras
actividades ministra cursos de cozinha, quer eminentemente gastronómicos, quer
no que respeita ao serviço, e cujo alvo são as pessoas que foram afectadas por
problemas de delinquência.
Numa época em que a
gastronomia se tornou tão cosmopolita e anda de mãos dadas com o turismo,
pareceu-me uma aposta ganha, não apenas pelo projecto de solidariedade mas
também pelo sucesso que a experiência – própria – me diz ter sido brilhante,
não apenas pelo delicioso javali mas também pelas entradas, sobremesas e
serviço.
A noite começou bem
no Clube, com um excelente cocktail de espumoso. Se já antes o detalhe
decorativo dos tectos havia surpreendido, após passarmos ao salão de refeições
o ambiente espantou pela dimensão da mesa, pela decoração, depois pela
organização e simpatia dos empregados.
Pareceu-me que todos
partilhamos essa empatia, uma vez que o ambiente esteve sempre divertido com
uma quantidade de conversas trocadas e boas referências ao que foi oferecido.
Melhor ainda, quando no final passamos ao miradouro sobre as muralhas.
Soubemos entretanto
que será inaugurada para o Verão uma esplanada a instalar no miradouro – este sim,
mira o Douro – que terá uma vista aprazível sobre Gaia, o rio e a foz. Talvez por
isso, em jeito de ante-estreia, estivemos acompanhados por uma bizarra
irmandade de cobertores, a mesma que, no dia seguinte iria de moto
Música: Memória de Peixe, 74
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A manhã puxou-nos
para o passeio. O céu estava limpo, azul e deixava o sol estourar em pleno. Pegamos
nas motos e fomos Constituição fora até Matosinhos, acompanhando o bulício
matinal dos que saem para correr, andar de bicicleta ou simplesmente dar um passeio
a pé.
Regressamos num
ritmo lento pela marginal do Porto, com tempo suficiente para olhar as fachadas
mais cuidadas, alguns prédios recuperados e outros à espera de melhor sorte. Não havia muito transito, o sol foi-nos acompanhando o ritmo e a margem direita estava plenamente iluminada.
Lá nos fomos desenvencilhando o melhor possível das linhas dos eléctricos e do empedrado, à medida que íamos chegando ao Porto. Mesmo aqui o trânsito era diminuto e o nosso andamento permitia olhar calmamente para o cenário da marginal portuense, deixando-nos inspirar talvez à imagem de Nasoni.
Lá nos fomos desenvencilhando o melhor possível das linhas dos eléctricos e do empedrado, à medida que íamos chegando ao Porto. Mesmo aqui o trânsito era diminuto e o nosso andamento permitia olhar calmamente para o cenário da marginal portuense, deixando-nos inspirar talvez à imagem de Nasoni.
Atravessamos a Ponte
D. Luís e só quando passamos no cais de Gaia, onde é habitual reunirem-se
motociclistas do Porto e arredores, começou a chuviscar. Quando paramos na
marina de Gaia, já chovia. Por isso, ficamos abrigados na esplanada a mirar o
Porto e o eventual regresso do bom tempo.
Música: António Pinho Vargas, Vilas Morenas
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Foi o tempo de bebermos
um café e trocarmos mais dois dedos de conversa. O sol regressou mais tarde,
mas quando deixou de chover aproveitamos de imediato para sairmos para o
almoço. Este teria lugar em Lavadores, no restaurante Casa Branca.
Deram-nos as boas-vindas
com um aperitivo antes de nos lançarmos sobre um buffet de carne e peixe acompanhado
por uma larga e agradável panorâmica marítima, paredes-meias com as ondas atlânticas
que, nesta manhã – sabemos que em poucas, todavia – estava quase apetecível.
Almoçamos em mesas
redondas – sempre mais simpáticas do que as longas mesas rectangulares – durante
um bom par de horas. Às tantas, apareceu um bolo de aniversário e gente em pé a
cantar “parabéns”, que se estenderam também ao anterior aniversariante.
Deixamos na Casa
Branda os de mais perto e tomamos a direcção da A1. Não voltou a chover. O dia
só escureceu já perto de casa. Trouxemos mais um pedaço do porto na memória e de
certeza outro bocado no coração. E ainda sobrou muito Porto para a próxima
.
Música: Cirque du Soleil, Alegria
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